Um valioso património natural
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Rio Alfusqueiro
É o principal afluente do Rio Águeda na sua margem direita, por oposição ao Cértima na margem esquerda, percorrendo quase 50 km desde a sua nascente, principalmente por vales xistosos, até encontrar o rio Águeda, em Bolfiar. O Rio Alfusqueiro nasce na Serra do Caramulo, no concelho de Vouzela (perto de Carvalhal de Vermilhas), e leva água – e vida – a muitas vilas e aldeias de Oliveira de Frades, Sever do Vouga e Águeda. Os vários parques e praias fluviais, entretanto, criados, são uma ótima forma de descobrir este rio. Outra possibilidade é fazer um desvio até Lourizela, de onde parte um trilho circular marcado, que nos leva a conhecer as ruínas dos moinhos de pedra do Alfusqueiro, os engenhos parados no tempo de uma antiga mini- hídrica e a beleza natural dos seus bosques ribeirinhos.
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Rio Antuã
Nasce em Santa Maria da Feira, no Monte Alto. Daí, vai seguindo para sul, sendo alimentado por diversos afluentes (como o rio Ínsua, por exemplo), e depois para sudoeste, atravessando o concelho de Estarreja. A partir desta localidade, onde dá nome a um parque urbano, continua suavemente até desaguar na Ria de Aveiro, a mais de 38km da sua nascente. A foz do rio Antuã é facilmente visitável tanto a pé como de bicicleta, seguindo o Percurso de Salreu, com início no Centro de Interpretação Ambiental do BioRia. Este percurso, durante a Primavera e o Verão, torna-se numa das melhores zonas para observarmos a Garça-vermelha e a Águia-sapeira. No Inverno, destaca-se a presença da Águia-pesqueira e de várias espécies de aves limícolas e aquáticas que aqui se abrigam e alimentam.
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Rio Boco
O Rio Boco nasce em Balsas, freguesia de Febres, em Cantanhede. No entanto, o seu leito só se torna mais visível a partir São Romão, já no concelho de Vagos. Perto da povoação com o mesmo nome do rio, na freguesia de Soza, existiu em tempos um conjunto importante de azenhas, os moinhos de grão, movidos pela força da água conduzida em levadas. Ao passar a vila de Vagos e até Ílhavo o canal alarga-se e é acompanhado por uma longa língua de sapal adjacente. As zonas inundáveis e a extensa vegetação de Bunho, Junco-das-esteiras e outras espécies são importantes áreas de refúgio e de alimentação para muitas espécies de aves durante todo o ano. Em tempos, era comum os moliceiros navegarem nestas águas, na habitual recolha de moliço para os campos agrícolas. Passando a ponte de Ílhavo, o Rio Boco expande-se pela Ria de Aveiro, até a sua união os tornar indistinguíveis.
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Rio Caima
Este é um dos principais afluentes do Rio Vouga, na sua margem direita. Com 50 km de extensão, as suas cabeceiras localizam-se nos cumes da Serra da Freita, a quase 1000m de altitude. No seu curso este rio atravessa os concelhos de Vale de Cambra, Oliveira de Azeméis, Albergaria-a-Velha, e finalmente Águeda, onde as suas águas encontram as do rio Vouga, junto a Sernada. As suas margens são em grande parte ladeadas por amieiros, pelo Salgueiro-preto e até pelo Carvalho-alvarinho. Em áreas mais abertas, é comum verem-se alvéolas-cinzentas “à pesca” de insetos, saltitando entre os seixos.
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Rio Cáster
O rio Cáster nasce na freguesia de Sanfins (Santa Maria da Feira) mas depressa corre para sul, atravessando grande parte do concelho de Ovar. É uma artéria natural, de margens verdes, que cruza de alto a baixo a cidade de Ovar e está intimamente ligado à história da localidade. O Parque Urbano de Ovar foi criado ao longo das suas margens, um amplo espaço naturalizado de ligação da cidade ao rio, de diversão e lazer, e importante para a biodiversidade em meio urbano. Desemboca na Ria de Aveiro, perto da Moita, sendo que o seu troço final é também conhecido como Esteiro da Vagem, tendo sido usado como via de transporte de mercadorias e de acesso à Ria pelas embarcações de pesca. Toda a área da foz do Cáster, um entrelaçado de campos agrícolas e de sapal, é extremamente rica em biodiversidade, tanto de flora como de fauna.
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Rio Cértima
Este é um dos mais relevantes afluentes do Rio Águeda, percorrendo 43 km desde a sua nascente em Casal de Camba e atravessando cinco concelhos do distrito de Aveiro: Mealhada, Anadia, Oliveira do Bairro e Águeda. Inicialmente o rio é mais estreito, mantendo uma galeria ripícola formada por freixos, salgueiros e choupos. A sua metade final, entre Aguada de Baixo (Oliveira do Bairro) e a sua foz, em Requeixo (Aveiro) acontece em cotas mais baixas e terrenos planos, formando longas várzeas inundáveis nas suas margens. Estes campos férteis têm uma longa história de aproveitamento agrícola, tradicionalmente para a cultura de arroz. São muito frequentados por cegonhas-brancas e várias espécies de garças que aqui procuram anfíbios, peixes e insetos para se alimentar. Logo depois, as suas margens alargam-se, formando a vasta lagoa da Pateira de Fermentelos, a maior lagoa natural da Península Ibérica, de grande beleza e importância ecológica.
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Rio Gonde
Atravessando a freguesia de Avanca (Estarreja), este curto rio desagua na Ria de Aveiro, perto do Cais do Torrão, em Válega (Ovar). Em Avanca o rio atravessa a Quinta do Marinheiro, onde as águas foram em tempos aproveitadas para a rega agrícola e para alimentar o lago de estilo romântico. Nesta quinta insere-se a Casa-Museu Egas Moniz, um espaço dedicado à vida e memória do único Prémio Nobel da medicina portuguesa. Logo depois, no fundo da quinta, as águas do rio Gonde seguem por uma levada para o Moinho de Meias, um moinho com três casais de mós edificado na sua margem. O moinho, recuperado e visitável, recorda o processo de moagem dos cereais, assim como a vida do moleiro, indissociável da força das águas que faziam girar as mós. Este rio é ainda importante no panorama cultural das gentes locais uma vez que é junto à confluência do mesmo com o ribeiro do Rio Negro onde, segundo uma das lendas associadas a este lugar, terá surgido a imagem atualmente venerada na igreja dedicada a Nossa Senhora da Purificação.
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Rio Gresso
Um rio inconstante, dependente da pluviosidade para criar o seu caudal, desce furiosamente pelas encostas, formando várias quedas de água. A força das águas, que descem mais de 700m ao longo do seu curto percurso (7 km), terá estado na origem do outro nome dado ao rio – Rio Branco – devido à cor das águas revoltosas. O rio Gresso nasce no cimo da Serra de Salgueiros/Arestal, a quase 800m de altitude e termina no rio Vouga, perto da povoação de Amiais (Couto de Esteves, Sever do Vouga). Alimentou em tempos muitas azenhas, em que a água era conduzida por levadas de pedra. Tanto as azenhas, como as levadas, ainda estão presentes no seu curso, uns em bom estado, outros em ruínas. As duas cascatas do rio Gresso, ambas perto da aldeia de Sanfins, são igualmente bons locais para o descobrir. Ainda subsistem imponentes castanheiros nas suas margens, relíquias que sobressaem no formoso bosque ripícola. As margens do rio são também habitat para o Lagarto-de-água e a Salamandra-de-pintas-amarelas, e no seu leito convivem o Melro-de-água e a Lontra.
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Rio Levira
Este rio nasce a montante da povoação de Levira (Vilarinho do Bairro, Anadia). Aqui, um pequeno açude forma um espelho de água na margem do rio, muito frequentado por pequenas aves e até libelinhas, durante o Verão. Os azulejos que adornam a pequena rotunda da povoação demonstram a importância que o rio teve em tempos, ao alimentar vários moinhos de água onde se convertiam os grãos em farinha. Entre Levira (povoação) e a sua foz, o leito e as margens integram-se no SIC Ria de Aveiro, que promove a conservação de espécies e habitats, devido à sua vegetação ripícola bem conservada e a importância do Levira para vários peixes migradores que todos os anos deixam as águas marinhas e sobem o rio para se reproduzirem. No se curso final, o rio Levira encontra-se com o rio Cértima pouco antes deste se espraiar e formar a grande Pateira de Fermentelos.
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Rio Lordelo
Este rio é também conhecido por rio Arões, pois nasce perto da localidade com o mesmo nome, no concelho de Vale de Cambra. No seu curto percurso de espetacular beleza, pelos vales de montanha, desagua no rio Vouga, em Couto de Esteves (Sever do Vouga). A água vai polindo a pedra enquanto serpenteia por entre faces graníticas. A sua força forma covas, depressões e poças, algumas procuradas para banhos de rio. A Cascata da Agualva é um local a não perder, situando-se a cerca de 400m a montante da ponte entre Couto de Esteves e Lourizela. Teremos de percorrer alguns trilhos mais difíceis para lá chegar, mas a queda de água (com mais de 10m) e o estreito poço aqui formado valerão decerto a pena. Este rio abriga alguns anfíbios endémicos, como a Salamandra-lusitânica, a Rã-ibérica ou o Tritão-marmorado, uma flora interessante, bem como libelinhas e borboletas.
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Rio Mau
É este afluente do Vouga que forma a bela e famosa Cascata de Cabreia, uma queda de água de 25m perto da povoação de Silva Escura (Sever do Vouga), um local também muito popular para banhos de rio no Verão. O rio Mau tem este nome apenas a jusante da cascata, já que a montante desta até à nascente (Serra de Salgueiros/Arestal), foi-lhe atribuído o nome de Rio Bom, possivelmente pelo seu temperamento mais calmo. As suas margens estão ainda delineadas por um bosque contínuo de amieiros, freixos e Salgueiro-preto, acompanhados pelos interessantes Feto-real e o Feto-vaqueiro, este último mais raro e de grande importância para a conservação. A sul da povoação de Folharido funcionaram em tempos as Minas da Malhada e ainda mais a sul, as Minas do Braçal. Neste antigo complexo mineiro, que foi um dos mais importantes do Norte do país, extraiu-se minério de chumbo, ou galena. Ainda subsistem as ruínas dos vários edifícios do complexo, atravessado pelo rio Mau, que aqui fora canalizado.
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Rio Teixeira
Apesar da sua curta extensão, com pouco mais de 13km, este rio era até muito recentemente considerado um dos rios mais bem conservados da Europa. O vale encaixado que percorre, formando inúmeras quedas de água e lagoas, tornou-o num dos rios mais lúdicos para a prática do Canyonning em Portugal. Este afluente do rio Vouga nasce em Manhouce, São Pedro do Sul, e desde que encontra a ribeira de Agualva, perto de Carregal (ainda em São Pedro do Sul), demarca a fronteira entre os distritos de Viseu e Aveiro até à sua foz. Atualmente, o troço final do rio, já no concelho de Sever do Vouga, é influenciado pela recente barragem de Couto de Esteves (a jusante do rio Vouga), que provocou o aumento do nível da água, criando um largo espelho de água e convertendo-o num local com potencial para desportos e atividades aquáticas.
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Rio Vouga
O rio Vouga é o mais importante tributário da Ria de Aveiro, sendo este também uma das principais barreiras físicas que estruturam a paisagem na região. Inicia o seu percurso na Serra da Lapa, a 930 metros de altitude, e percorre uma paisagem montanhosa e florestal cobrindo uma distância de 148km, em direção a Oeste. No seu curso final banha terras baixas e férteis, aproveitadas para fins agrícolas e pecuários e sectores naturais formados por salgueirais e amiais. Termina o seu curso na Ria de Aveiro, onde alimenta inúmeros canais, zonas pantanosas, alguns arrozais e milheirais, mas também zonas de sapal. Este mosaico paisagístico alberga uma grande variedade biológica, da qual se destaca o grupo das aves, pela sua fácil observação, e os peixes, que nesta mescla de águas encontram as condições ideais para crescerem.
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Rio Águeda
Nasce nas altas encostas da serra do Caramulo, em Varzielas (Oliveira de Frades), e percorre brevemente São João do Monte (Tondela), demorando-se longamente no concelho de Águeda – estando aqui a maior parte do seu curso – até desaguar na margem esquerda do rio Vouga, em Eirol (Aveiro). As margens do Águeda são geralmente bordejadas por amiais, freixiais e salgueirais em diferentes estados de conservação. Nas suas águas nadam várias espécies de peixes nativos migradores, como a Lampreia-marinha, o Sável, a Savelha ou a Enguia-europeia. Outras são espécies residentes, como a Truta-de-rio, habitando a bacia do Rio Águeda durante todo o ano. Todos eles têm também uma grande importância económica na região.
Rio Alfusqueiro
É o principal afluente do Rio Águeda na sua margem direita, por oposição ao Cértima na margem esquerda, percorrendo quase 50 km desde a sua nascente, principalmente por vales xistosos, até encontrar o rio Águeda, em Bolfiar. O Rio Alfusqueiro nasce na Serra do Caramulo, no concelho de Vouzela (perto de Carvalhal de Vermilhas), e leva água – e vida – a muitas vilas e aldeias de Oliveira de Frades, Sever do Vouga e Águeda. Os vários parques e praias fluviais, entretanto, criados, são uma ótima forma de descobrir este rio. Outra possibilidade é fazer um desvio até Lourizela, de onde parte um trilho circular marcado, que nos leva a conhecer as ruínas dos moinhos de pedra do Alfusqueiro, os engenhos parados no tempo de uma antiga mini- hídrica e a beleza natural dos seus bosques ribeirinhos.
Rio Antuã
Nasce em Santa Maria da Feira, no Monte Alto. Daí, vai seguindo para sul, sendo alimentado por diversos afluentes (como o rio Ínsua, por exemplo), e depois para sudoeste, atravessando o concelho de Estarreja. A partir desta localidade, onde dá nome a um parque urbano, continua suavemente até desaguar na Ria de Aveiro, a mais de 38km da sua nascente. A foz do rio Antuã é facilmente visitável tanto a pé como de bicicleta, seguindo o Percurso de Salreu, com início no Centro de Interpretação Ambiental do BioRia. Este percurso, durante a Primavera e o Verão, torna-se numa das melhores zonas para observarmos a Garça-vermelha e a Águia-sapeira. No Inverno, destaca-se a presença da Águia-pesqueira e de várias espécies de aves limícolas e aquáticas que aqui se abrigam e alimentam.
Rio Boco
O Rio Boco nasce em Balsas, freguesia de Febres, em Cantanhede. No entanto, o seu leito só se torna mais visível a partir São Romão, já no concelho de Vagos. Perto da povoação com o mesmo nome do rio, na freguesia de Soza, existiu em tempos um conjunto importante de azenhas, os moinhos de grão, movidos pela força da água conduzida em levadas. Ao passar a vila de Vagos e até Ílhavo o canal alarga-se e é acompanhado por uma longa língua de sapal adjacente. As zonas inundáveis e a extensa vegetação de Bunho, Junco-das-esteiras e outras espécies são importantes áreas de refúgio e de alimentação para muitas espécies de aves durante todo o ano. Em tempos, era comum os moliceiros navegarem nestas águas, na habitual recolha de moliço para os campos agrícolas. Passando a ponte de Ílhavo, o Rio Boco expande-se pela Ria de Aveiro, até a sua união os tornar indistinguíveis.
Rio Caima
Este é um dos principais afluentes do Rio Vouga, na sua margem direita. Com 50 km de extensão, as suas cabeceiras localizam-se nos cumes da Serra da Freita, a quase 1000m de altitude. No seu curso este rio atravessa os concelhos de Vale de Cambra, Oliveira de Azeméis, Albergaria-a-Velha, e finalmente Águeda, onde as suas águas encontram as do rio Vouga, junto a Sernada. As suas margens são em grande parte ladeadas por amieiros, pelo Salgueiro-preto e até pelo Carvalho-alvarinho. Em áreas mais abertas, é comum verem-se alvéolas-cinzentas “à pesca” de insetos, saltitando entre os seixos.
Rio Cáster
O rio Cáster nasce na freguesia de Sanfins (Santa Maria da Feira) mas depressa corre para sul, atravessando grande parte do concelho de Ovar. É uma artéria natural, de margens verdes, que cruza de alto a baixo a cidade de Ovar e está intimamente ligado à história da localidade. O Parque Urbano de Ovar foi criado ao longo das suas margens, um amplo espaço naturalizado de ligação da cidade ao rio, de diversão e lazer, e importante para a biodiversidade em meio urbano. Desemboca na Ria de Aveiro, perto da Moita, sendo que o seu troço final é também conhecido como Esteiro da Vagem, tendo sido usado como via de transporte de mercadorias e de acesso à Ria pelas embarcações de pesca. Toda a área da foz do Cáster, um entrelaçado de campos agrícolas e de sapal, é extremamente rica em biodiversidade, tanto de flora como de fauna.
Rio Cértima
Este é um dos mais relevantes afluentes do Rio Águeda, percorrendo 43 km desde a sua nascente em Casal de Camba e atravessando cinco concelhos do distrito de Aveiro: Mealhada, Anadia, Oliveira do Bairro e Águeda. Inicialmente o rio é mais estreito, mantendo uma galeria ripícola formada por freixos, salgueiros e choupos. A sua metade final, entre Aguada de Baixo (Oliveira do Bairro) e a sua foz, em Requeixo (Aveiro) acontece em cotas mais baixas e terrenos planos, formando longas várzeas inundáveis nas suas margens. Estes campos férteis têm uma longa história de aproveitamento agrícola, tradicionalmente para a cultura de arroz. São muito frequentados por cegonhas-brancas e várias espécies de garças que aqui procuram anfíbios, peixes e insetos para se alimentar. Logo depois, as suas margens alargam-se, formando a vasta lagoa da Pateira de Fermentelos, a maior lagoa natural da Península Ibérica, de grande beleza e importância ecológica.
Rio Gonde
Atravessando a freguesia de Avanca (Estarreja), este curto rio desagua na Ria de Aveiro, perto do Cais do Torrão, em Válega (Ovar). Em Avanca o rio atravessa a Quinta do Marinheiro, onde as águas foram em tempos aproveitadas para a rega agrícola e para alimentar o lago de estilo romântico. Nesta quinta insere-se a Casa-Museu Egas Moniz, um espaço dedicado à vida e memória do único Prémio Nobel da medicina portuguesa. Logo depois, no fundo da quinta, as águas do rio Gonde seguem por uma levada para o Moinho de Meias, um moinho com três casais de mós edificado na sua margem. O moinho, recuperado e visitável, recorda o processo de moagem dos cereais, assim como a vida do moleiro, indissociável da força das águas que faziam girar as mós. Este rio é ainda importante no panorama cultural das gentes locais uma vez que é junto à confluência do mesmo com o ribeiro do Rio Negro onde, segundo uma das lendas associadas a este lugar, terá surgido a imagem atualmente venerada na igreja dedicada a Nossa Senhora da Purificação.
Rio Gresso
Um rio inconstante, dependente da pluviosidade para criar o seu caudal, desce furiosamente pelas encostas, formando várias quedas de água. A força das águas, que descem mais de 700m ao longo do seu curto percurso (7 km), terá estado na origem do outro nome dado ao rio – Rio Branco – devido à cor das águas revoltosas. O rio Gresso nasce no cimo da Serra de Salgueiros/Arestal, a quase 800m de altitude e termina no rio Vouga, perto da povoação de Amiais (Couto de Esteves, Sever do Vouga). Alimentou em tempos muitas azenhas, em que a água era conduzida por levadas de pedra. Tanto as azenhas, como as levadas, ainda estão presentes no seu curso, uns em bom estado, outros em ruínas. As duas cascatas do rio Gresso, ambas perto da aldeia de Sanfins, são igualmente bons locais para o descobrir. Ainda subsistem imponentes castanheiros nas suas margens, relíquias que sobressaem no formoso bosque ripícola. As margens do rio são também habitat para o Lagarto-de-água e a Salamandra-de-pintas-amarelas, e no seu leito convivem o Melro-de-água e a Lontra.
Rio Levira
Este rio nasce a montante da povoação de Levira (Vilarinho do Bairro, Anadia). Aqui, um pequeno açude forma um espelho de água na margem do rio, muito frequentado por pequenas aves e até libelinhas, durante o Verão. Os azulejos que adornam a pequena rotunda da povoação demonstram a importância que o rio teve em tempos, ao alimentar vários moinhos de água onde se convertiam os grãos em farinha. Entre Levira (povoação) e a sua foz, o leito e as margens integram-se no SIC Ria de Aveiro, que promove a conservação de espécies e habitats, devido à sua vegetação ripícola bem conservada e a importância do Levira para vários peixes migradores que todos os anos deixam as águas marinhas e sobem o rio para se reproduzirem. No se curso final, o rio Levira encontra-se com o rio Cértima pouco antes deste se espraiar e formar a grande Pateira de Fermentelos.
Rio Lordelo
Este rio é também conhecido por rio Arões, pois nasce perto da localidade com o mesmo nome, no concelho de Vale de Cambra. No seu curto percurso de espetacular beleza, pelos vales de montanha, desagua no rio Vouga, em Couto de Esteves (Sever do Vouga). A água vai polindo a pedra enquanto serpenteia por entre faces graníticas. A sua força forma covas, depressões e poças, algumas procuradas para banhos de rio. A Cascata da Agualva é um local a não perder, situando-se a cerca de 400m a montante da ponte entre Couto de Esteves e Lourizela. Teremos de percorrer alguns trilhos mais difíceis para lá chegar, mas a queda de água (com mais de 10m) e o estreito poço aqui formado valerão decerto a pena. Este rio abriga alguns anfíbios endémicos, como a Salamandra-lusitânica, a Rã-ibérica ou o Tritão-marmorado, uma flora interessante, bem como libelinhas e borboletas.
Rio Mau
É este afluente do Vouga que forma a bela e famosa Cascata de Cabreia, uma queda de água de 25m perto da povoação de Silva Escura (Sever do Vouga), um local também muito popular para banhos de rio no Verão. O rio Mau tem este nome apenas a jusante da cascata, já que a montante desta até à nascente (Serra de Salgueiros/Arestal), foi-lhe atribuído o nome de Rio Bom, possivelmente pelo seu temperamento mais calmo. As suas margens estão ainda delineadas por um bosque contínuo de amieiros, freixos e Salgueiro-preto, acompanhados pelos interessantes Feto-real e o Feto-vaqueiro, este último mais raro e de grande importância para a conservação. A sul da povoação de Folharido funcionaram em tempos as Minas da Malhada e ainda mais a sul, as Minas do Braçal. Neste antigo complexo mineiro, que foi um dos mais importantes do Norte do país, extraiu-se minério de chumbo, ou galena. Ainda subsistem as ruínas dos vários edifícios do complexo, atravessado pelo rio Mau, que aqui fora canalizado.
Rio Teixeira
Apesar da sua curta extensão, com pouco mais de 13km, este rio era até muito recentemente considerado um dos rios mais bem conservados da Europa. O vale encaixado que percorre, formando inúmeras quedas de água e lagoas, tornou-o num dos rios mais lúdicos para a prática do Canyonning em Portugal. Este afluente do rio Vouga nasce em Manhouce, São Pedro do Sul, e desde que encontra a ribeira de Agualva, perto de Carregal (ainda em São Pedro do Sul), demarca a fronteira entre os distritos de Viseu e Aveiro até à sua foz. Atualmente, o troço final do rio, já no concelho de Sever do Vouga, é influenciado pela recente barragem de Couto de Esteves (a jusante do rio Vouga), que provocou o aumento do nível da água, criando um largo espelho de água e convertendo-o num local com potencial para desportos e atividades aquáticas.
Rio Vouga
O rio Vouga é o mais importante tributário da Ria de Aveiro, sendo este também uma das principais barreiras físicas que estruturam a paisagem na região. Inicia o seu percurso na Serra da Lapa, a 930 metros de altitude, e percorre uma paisagem montanhosa e florestal cobrindo uma distância de 148km, em direção a Oeste. No seu curso final banha terras baixas e férteis, aproveitadas para fins agrícolas e pecuários e sectores naturais formados por salgueirais e amiais. Termina o seu curso na Ria de Aveiro, onde alimenta inúmeros canais, zonas pantanosas, alguns arrozais e milheirais, mas também zonas de sapal. Este mosaico paisagístico alberga uma grande variedade biológica, da qual se destaca o grupo das aves, pela sua fácil observação, e os peixes, que nesta mescla de águas encontram as condições ideais para crescerem.
Rio Águeda
Nasce nas altas encostas da serra do Caramulo, em Varzielas (Oliveira de Frades), e percorre brevemente São João do Monte (Tondela), demorando-se longamente no concelho de Águeda – estando aqui a maior parte do seu curso – até desaguar na margem esquerda do rio Vouga, em Eirol (Aveiro). As margens do Águeda são geralmente bordejadas por amiais, freixiais e salgueirais em diferentes estados de conservação. Nas suas águas nadam várias espécies de peixes nativos migradores, como a Lampreia-marinha, o Sável, a Savelha ou a Enguia-europeia. Outras são espécies residentes, como a Truta-de-rio, habitando a bacia do Rio Águeda durante todo o ano. Todos eles têm também uma grande importância económica na região.